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Nossa Jornada com o Autismo: O Que Aprendemos Sobre Inclusão Escolar

A inclusão de pessoas autistas tem evoluído em vários contextos sociais, facilitando o dia a dia de autistas e seus pais em diversos aspectos, como prioridade em transportes, atendimentos gerais, sessões especiais de cinema e ambientes adaptados para eventos esportivos. Apesar de esses avanços serem muito bem-vindos — e alguns garantidos por lei —, estão mais associados à acessibilidade do que à inclusão social propriamente dita. Mesmo sendo a acessibilidade uma parte essencial do processo de socialização, ela apoia apenas o direito fundamental de ir e vir, garantido em nossa Constituição Federal (art. 5º, XV), assim como na Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU.

A inclusão social está diretamente ligada à educação — tanto no que diz respeito ao acesso das pessoas com TEA à escola quanto ao preparo da população não autista (neurotípica) para acolher, respeitar e apoiar os autistas, uma vez que essa convivência é benéfica para todos. Infelizmente, essa empatia tem crescido não pela via da educação, mas pelo aumento no número de casos registrados nas últimas décadas. Dados recentes da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) estimam que, em todo o mundo, uma em cada 160 crianças tenha Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Como pais de um jovem autista, enfrentamos problemas de inclusão escolar por muitos anos. Passamos por várias instituições, e a ruptura gerada por essas mudanças de ambiente, pessoas e rotinas afeta drasticamente o humor e o comportamento de um autista, causando regressões, às vezes irreversíveis, em sua evolução. Podemos afirmar que a inclusão escolar é um dos pontos que mais aflige os pais de autistas funcionais.

Aprendemos com nossa experiência que, independentemente de a escola ser pública ou privada, o sucesso da inclusão de autistas nas instituições de ensino está mais associado à dedicação individual das pessoas envolvidas do que a metodologias ou planejamentos pedagógicos estruturados. Isso torna o profissional um elo frágil no processo de inclusão, pois seu desligamento, voluntário ou não, impacta diretamente a evolução do aluno com necessidades especiais.

Segundo excerto publicado no portal g1.globo.com, no Dia Mundial da Conscientização do Autismo, em 2 de abril de 2025 (grifos do autor), a matrícula é apenas o primeiro passo. Ainda há dificuldades diante de:

  • formação frágil de docentes e funcionários, que acabam buscando preparo por iniciativa própria, sem apoio da escola ou do governo;

  • falta de adaptação de atividades e aulas;

  • desconhecimento sobre como agir diante de crises de agressividade e outros sintomas;

  • casos de bullying;

  • cobrança de taxas extras na mensalidade (prática ilegal);

  • descumprimento do direito a um acompanhante contratado pelo colégio;

  • evasão escolar e ausência de recursos para lidar com os diferentes tempos de aprendizagem.

Passamos por praticamente todos os pontos acima ao longo das cinco escolas que nosso filho frequentou, até chegarmos ao Colégio Conde Domingos, onde, com muita conversa, transparência e participação, conseguimos alcançar um grau de inclusão adequado — que, mesmo assim, demanda ajustes constantes, pois não há autistas ou pessoas iguais e imutáveis.

Isso nos leva a um ponto importante, não associado diretamente à escola: o envolvimento dos pais no processo de inclusão escolar. A responsabilidade da escola está limitada ao período em que o aluno está sob seus cuidados. Os pais têm papel fundamental na educação e socialização de seus filhos, sejam eles autistas ou neurotípicos, e não devem delegar integralmente essa responsabilidade à escola ou a cuidadores.

Somos nós, os pais, que conhecemos as necessidades, preferências e peculiaridades de nossos filhos. Nossa participação é essencial para que essas necessidades sejam atendidas da melhor forma possível.


Sr. Jurandir, Tiago e Silvia Lima na formatura do 9º Ano - Ensino Fundamental
Sr. Jurandir, Tiago e Silvia Lima na formatura do 9º Ano - Ensino Fundamental

Texto por Sr. Jurandir e Silvia Lima - Responsáveis do estudante Tiago Lima - 2ª série B Ensino Médio

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